Rádio 98FM Canoinhas

Canoinhas tem segundo maior número de acidentes com animais peçonhentos da região

Planalto Norte registrou mais de 11 mil casos entre 2010 e 2025
Estatísticas registradas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), sistema do Ministério da Saúde brasileiro usado para notificar e investigar casos de doenças e agravos que devem ser de notificação compulsória, apontam que o município de Canoinhas tem o segundo maior número de casos envolvendo acidentes com animais peçonhentos nos últimos anos.

No período entre 2010 e 2025, foram 1.639 casos registrados em Canoinhas, de acordo com o Sinan. Destes, 1.016 acidentes envolveram picadas de aranhas e 623 envolveram picadas de serpentes.

No caso dos acidentes envolvendo serpentes em Canoinhas, o ano com o maior número de situações registradas pelo Sinan foi 2014, com 85 registros. No ano de 2025, foram registrados 34 casos até o momento.

O município de Mafra foi o que teve o maior número de acidentes com animais peçonhentos registrados durante o período de 15 anos, com 3.103 situações. O ano com o maior número de casos registrados foi 2016, com 279 casos registrados. Em 2025, até o momento, foram 101 situações registradas pelo Sinan.

Logo abaixo de Canoinhas, no ranking, vem o Município de Porto União, com 1.363 casos registrados entre 2010 e 2025. Também com mais de 1 mil situações durante o período, os municípios de Três Barras, 1.118 acidentes com animais peçonhentos registrados pelo Sinan, e Itaiópolis, com 1.095.

Todos os demais municípios do Planalto Norte tiveram menos de 1 mil ocorrências registradas durante os 15 anos. Sendo Papanduva (983), Irineópolis (837), Monte Castelo (439), Major Vieira (387), e Bela Vista do Toldo (101).

Acidentes com animais peçonhentos no Planalto Norte entre 2010 -2025
Infogram

PREVENÇÃO

Com o aumento das temperaturas, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) alerta para o incremento no número de ocorrências envolvendo animais peçonhentos, como cobras, aranhas, escorpiões e lacraias. Durante esse período, esses animais saem com mais frequência de seus esconderijos, aumentando as chances de acidentes.

A maior parte dos acidentes ocorre com picadas principalmente nos pés e pernas. Por isso, o CBMSC recomenda:

Usar botas de cano alto ou botinas com perneiras ao circular por áreas de vegetação densa, como matas, campos e praias;
Evitar colocar as mãos em buracos, pilhas de folhas secas ou entulhos, pois podem servir de esconderijo para esses animais;
Manter o quintal limpo, eliminando acúmulo de lixo, entulhos e lenha, que podem atrair roedores e, consequentemente, serpentes;
Estar atento ao fazer trilhas ou trabalhar em áreas abertas com vegetação alta.

Para reduzir o risco de acidentes com animais peçonhentos, também recomenda-se:

Manter gramados aparados e evitar o acúmulo de entulho ou materiais inservíveis, evitando a formação de abrigo e o aparecimento de animais que possam servir de alimento para serpentes, aranhas e escorpiões (como roedores, baratas e outros insetos).
Cobrir frestas de paredes, forros e muros e instalar telas em saídas de água no terreno;
Limpar cantos das paredes, atrás e dentro de armários e guarda-roupas,
Verificar calçados e roupas antes de usá-los
Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs), como sapatos fechados, botas e luvas resistentes, ao realizar atividades em áreas de risco.
De um modo geral as orientações de prevenção envolvem NÃO facilitar o acesso desses animais em áreas habitadas e se proteger em áreas de risco.

ARANHA-MARROM

Conforme as estatísticas mais recentes divulgadas pelo boletim Barriga Verde, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina, foram 4.407 acidentes com aranhas em todo o Estado, no período entre 2018 e 2022.

O gênero Loxosceles, a popular aranha-marrom, foi o principal causador dos acidentes, mas também houve casos envolvendo o gênero Phoneutria, a aranha-armadeira. Os dados relativos ao Planalto Norte apontam para taxa de incidência entre 159,69 e 196,80 por 100 mil habitantes em 2022.

Predominantemente, as vítimas dos acidentes com aranhas foram homens, representando 52,2% dos casos e a faixa etária mais acometida foi a de 20 a 64 anos. A zona de ocorrência com maior número de casos foi urbana, com maior incidência das picadas em pés e pernas das vítimas.

A maioria dos casos foi classificada como gravidade leve, sendo que em apenas 1,2% dos casos registrados foi necessária a realização de soroterapia. Houve, ainda, um óbito em todo o Estado.

Com relação à aranha-marrom, a maior parte dos acidentes aconteceu no interior de residências, evidenciando uma característica já conhecida da espécie, ao se esconder dentro de casa, atrás de quadros e aberturas de janelas, por exemplo. Maior parte das vítimas foram mulheres, com mais de 4 mil casos registrados.

Essa espécie tem uma picada pouco dolorosa, mas que pode evoluir para necrose seca e úlcera. Os sintomas da intoxicação pela peçonha da aranha-marrom envolvem mal-estar, dores de cabeça, febre e pode ocorrer insuficiência renal aguda.

Em relação à aranha-armadeira, os acidentes foram registrados em situações externas, como locais com entulhos e jardins. A maioria das vítimas da espécie foram homens.

A picada dessa espécie pode gerar dor imediata e irradiada, além de sudorese e sensação de formigamento no local. Os sintomas posteriores envolvem hipertensão arterial, agitação psicomotora, taquicardia e vômito.

Em caso de acidentes, é recomendado:

Manter a vítima calma e deitada;
Tentar manter a área afetada no mesmo nível do coração ou, se possível, abaixo dele;
Evitar que a vítima se movimente para não favorecer a absorção do veneno;
Localizar a marca da mordedura e limpar o local com água e sabão;
Cobrir com um pano limpo;
Remover anéis, pulseiras e outros objetos que possam garrotear (apertar a circulação), em caso de inchaço do membro afetado;
Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo, para receber o tratamento necessário;
Se possível, levar uma foto do animal ou apresentar o máximo de características possíveis para que ele seja identificado e para que a vítima receba o soro específico.

Fonte: JMais