Rádio 98FM Canoinhas

Bebês recebem vacina contra picada de cobra por engano no Hospital Santa Cruz de Canoinhas

Os bebês deveriam ter recebido a vacina contra a hepatite B

Pelo menos 11 bebês receberam antídoto contra veneno de cobra ao invés de vacina contra a hepatite B na semana passada no Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC). Elas estão sendo acompanhados, mas, a princípio, nenhum efeito colateral foi percebido.

A pedido da reportagem, a Secretaria de Saúde de Canoinhas informou que foi comunicada nesta segunda-feira, 14, pela Regional de Saúde de Mafra, sobre a “aplicação inadequada de imunoglobulina heteróloga (soro antibotrópico) em recém-nascidos no Hospital Santa Cruz de Canoinhas, na semana passada”. Os casos ocorreram entre 9 e 11 de julho.

Conforme a Regional, todas as famílias foram avisadas, e os recém-nascidos serão agora acompanhados pela equipe da Vigilância Epidemiológica de Canoinhas. “A administração da vacina não é responsabilidade do Município, mas da equipe do Hospital Santa Cruz de Canoinhas. O erro foi cometido dentro da maternidade do hospital”, segue a nota.

“A partir da notificação, recebida nesta segunda, a Vigilância fará o monitoramento dos casos. O objetivo é garantir total segurança e oferecer suporte técnico às famílias envolvidas”, afirma a Saúde de Canoinhas.

“A Secretaria de Saúde segue atenta à situação e reforça seu compromisso em manter a população informada e os bebês assistidos com o cuidado necessário”, complementa a nota.

HSCC

Na noite desta segunda-feira, 14, a gestora do HSCC, Karin Adur, enviou nota ao JMais assinada pelo advogado do Hospital, Renato Mattar Cepeda, confirmando a informação e garantindo que uma sindicância interna está em andamento. Leia na íntegra:

“O Hospital Santa Cruz de Canoinhas informa que identificou, no dia 11 de julho de 2025, uma ocorrência envolvendo a administração de medicamento em sua unidade de maternidade, a qual está sendo devidamente apurada por meio de sindicância interna.

Desde o primeiro momento, o Hospital adotou todas as medidas de assistência e acolhimento às famílias e aos recém-nascidos envolvidos, que vêm e serão monitorados de forma contínua por nossa equipe multidisciplinar.

Reforçamos que, nenhuma reação adversa foi identificada nos recém-nascidos, os quais não estão internados, permanecem estáveis e sob acompanhamento, estando todas a famílias sendo acompanhadas por nossa equipe que está seguindo todos os protocolos de segurança dos pacientes.

O Hospital reafirma seu compromisso com a transparência, com a ética profissional e, sobretudo, com a segurança e bem-estar de seus pacientes e da comunidade, adotando todas as providências cabíveis para o total esclarecimento do ocorrido.”

A reportagem tentou contato com duas médicas pediatras que atuam no HSCC para entender os possíveis efeitos colaterais do antídoto em bebês, mas não obteve retorno.



EFEITOS

Segundo o Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde (2022) e nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o soro antibotrópico pode provocar dificuldade respiratória, broncoespasmo, urticária e queda de pressão em casos mais graves. Nos casos mais leves, urticária, angioedema, prurido, febre, calafrios e náuseas. “Esses riscos são acentuados em lactentes devido à imaturidade imunológica e maior vulnerabilidade a reações sistêmicas”, pontua o Manual.

O HSCC reforça, contudo, que nenhum efeito colateral foi registrado até o momento em nenhum dos 11 bebê

Fonte: JMais