Rádio 98FM Canoinhas

Em 2024, pelo menos 42% das exportações de Canoinhas e região foram para os Estados Unidos

Pelo menos 22,2% da produção do setor de produtos de madeira catarinense é exportada para os EUA

Em 2024, 15% das exportações catarinenses foram para os Estados Unidos. Na região do Planalto Norte, no entanto, 42,5% de tudo o que é exportado tem como destino aquele mercado, enquanto na Serra são 22,3%, no Centro-norte 24,9% e no Alto Vale 23,7%.

Na região do Planalto Norte, Três Barras deve ser um dos Municípios que mais sentirão os efeitos do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras anunciado pelo presidente estadunidense, Donald Trump no começo do mês. Somente no primeiro semestre de 2025, US$ 15,75 milhões foram exportados rumo ao mercado americano. A madeira respondeu por praticamente 100% desse montante. Destaque para a FComp e a Brasnille.

Conforme o JMais mostrou recentemente, a maioria das cidades do Planalto Norte exportou para os EUA neste ano, mas quem devem sofrer impacto maior serão Papanduva, Rio Negrinho e São Bento do Sul, notadamente pela exportação de madeira e móveis.

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) já iniciou a articulação com o governo do estado, que solicitou informações robustas para avaliar as ações propostas pela entidade. Os exportadores podem responder ao questionário por meio do link: https://forms.gle/PqhMfZVpm8wbXuSJ6

A mobilização das indústrias para responder às questões elaboradas pela Fiesc junta-se a iniciativas já em andamento via Confederação Nacional da Indústria (CNI), de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e à articulação com o governo catarinense.

DESAFIOS

O industrial Leonardo Zipf destacou em reunião na tarde desta segunda-feira, 28, na sede da Fiesc em Florianópolis, a dificuldade de abertura de canais efetivos de negociação e manifestou preocupação com o momento em que as novas tarifas serão cobradas, já que não se tem documentos oficiais detalhando a medida norte-americana. Leandro Gomes, executivo da Guararapes, que tem filial em Caçador, destacou a importância da participação da indústria respondendo ao questionário e sugeriu que a Fiesc priorize soluções que aliviem o caixa das empresas, propondo a liberação de créditos tributários para as exportadoras pelo governo do Estado.


No encontro do Comitê de Crise do Tarifaço dos EUA, realizado de maneira virtual, foi apresentada pesquisa para medir os impactos potenciais da elevação das tarifas de importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos para 50%. A partir de uma compreensão mais profunda dos efeitos para a indústria e a economia catarinense, a Fiesc pretende ampliar sua contribuição para políticas públicas para fazer frente à situação.

“Estamos muito preocupados com o potencial impacto, porque Santa Catarina tem uma característica muito singular, com segmentos diferentes sendo afetados em proporções distintas”, explicou o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt. Santa Catarina é o segundo Estado com maior impacto negativo sobre o PIB, de 0,31%, atrás apenas do Amazonas, explicou, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Em SC,  22,2% da produção do setor de produtos de madeira é exportada para os EUA. No setor de móveis, 12,1% do que é fabricado têm os Estados Unidos como destino”, destacou, citando dois dos segmentos que mais têm manifestado preocupação.

Embora algumas grandes exportadoras para o mercado norte-americano possam readequar operações porque possuem estruturas fabris nos Estados Unidos ou em outros países menos impactados, essa não é a regra geral. A preocupação com o setor de madeira e móveis, por exemplo, se justifica porque parte das indústrias com maior exposição estão em regiões onde o IDH é mais baixo e eventuais reflexos no mercado de trabalho teriam consequências sociais graves.

Fonte: JMais